Esta União de Freguesias foi constituída em Outubro de 2013, em cumprimento da lei nº 11-A/2013,
A União de Freguesias do Malhou, Louriceira e Espinheiro compõe- se das localidades:
Malhou, Chã de Cima (localizadas no extremo sul do Concelho).
A ex freguesia de Malhou pertenceu ao antigo Concelho de Pernes, que foi extinto no ano de 1885, tendo passado então para o de Santarém e, posteriormente, para o de Alcanena, em 1974, quando foi criado.
Louriceira e Carvalheiro (desde os limites de Malhou até ao maciço de Porto de Mós).
Espinheiro (Extremo sudoeste do Concelho).
O TERRITÓRIO DA FREGUESIA DE MALHOU
A povoação de Malhou pertenceu inicialmente à Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Louriceira, ao extinto concelho de Alcanede.
1593- Foi instituída Freguesia, justa aspiração das suas gentes, pois já existiriam condições para a sua constituição como Freguesia. Faziam parte as povoações de Amiais de Baixo e de Espinheiro.
1598 - Foi integrada no novo Concelho de Pernes a quem D. Manuel I atribuira o Foral de Vila em 1514.
1621 -Parte da povoação do Espinheiro passou para a Freguesia de Abrã, criada a 10 de agosto deste ano.
1852-A povoação de Amiais de Baixo deixa de pertencer a Malhou, quando a 25 de Junho no reinado de D. Maria II, foi criada a Freguesia de Nossa Senhora da Graça de Amiais.
1855-Por extinção do Concelho de Pernes a 24 de Outubro, transita para Santarém ficando a pertencer à nossa Freguesia, o lugar de Chã de Cima e parte da povoação de Moita.
1914-A 8 de Maio com a criação do Concelho de Alcanena, para o qual muito influenciaram gentes do Malhou, foi incorporada neste Concelho.
1928-A 23 de Março, com a criação da Freguesia de Espinheiro, perde essa povoação, ficando a Freguesia de Malhou, com a delimitação territorial que se manteve até à agregação das Freguesias.
LENDA DE MALHOU
Estávamos em Março de 1147, e D. Afonso Henriques após ter conquistado Coimbra, prosseguia agora para a conquista de Santarém, batendo-se pelo crescimento da nossa pátria e do cristianismo, prestando vassalagem à Santa Sé, que anteriormente que lhe tinha conferido reconhecimento do reino.
Aqui bem perto nos vales férteis do Alviela, acampou com as suas tropas, como o tinha aconselhado, Mem Ramires, cavaleiro do rei que tinha por estes locais passado antes para estudar o inimigo.
Deleitaram-se com as límpidas águas, aproveitaram alguns dos muitos peixes que essas águas enriqueciam, assim como dos frutos que naqueles vales cresciam.
Cedo se colocaram a descansar, pois as léguas percorridas já tinham sido muitas, e o esforço de outras batalhas ainda se faziam notar nos seus corpos.
Neste lugar havia um ferreiro, que havia sido abordado por alguns militares que acompanhavam o 1º Rei de Portugal, para fazer algumas reparações e melhoramentos a algumas das armas e escudos utilizados, pelas tropas.
O dito ferreiro, aproveitando tão precioso trabalho que lhe tinha sido proposto e devido ao calor que da forja saia, toda a noite trabalhou, para conseguir a tempera desejada para os seus trabalhos.
Malhando no ferro durante toda essa noite, trabalho esse feito com dureza suficiente que foi bem audível pelo nosso fundador e seus acompanhantes.
Era já quase de madrugada, quando acabou.
Quando deixou de ouvir o ferreiro a trabalhar, D. Afonso Henriques com determinação que o caracterizava logo, gritou então para as tropas:
- Levantai-vos, levantai-vos e prossigamos a nossa jornada porque o ferreiro já malhou!!!
E repetiu:
- o ferreiro já malhou!!!
E foi a partir daqui que este lugar passou a designar-se Malhou, palavras últimas que El-Rei de Portugal aqui proferiu.
TOPÓNIMO LOURICEIRA
Origem do topónimo é o termo Latino Latium – Lauritu, que significa terra dos loureiros.
A ex Freguesia de Louriceira é uma estreita, mas comprida, faixa do território, situada ao longo do Rio Alviela, desde os limites de Malhou e Vaqueiros até ao maciço de Porto de Mós, onde se localiza o lugar de Carvalheiro, com os seus cem habitantes.No território desta ex Freguesia, localizam-se os famosos Olhos de Água, onde nasce o Rio Alviela. Nesta nascente, durante mais de cem anos, foi captada água para o abastecimento de grande parte da cidade de Lisboa, sendo a água transportada através de uma conduta que começou a ser construída a 28 de dezembro de 1871 e foi concluída quase nove anos depois, a 3 de outubro de 1880. Durante a década em que decorreram os trabalhos de construção desta conduta, a Louriceira conheceu um grande desenvolvimento comercial, devido à presença de grande quantidade de trabalhadores, necessários à realização de tão grandiosa obra.
Os vários aquedutos existentes nesta localidade, verdadeiras obras de arte e que constituem um interessante património arquitetónico e de arqueologia industrial, de que se salienta a Arcada do Vale, são os ex-líbris da Louriceira, aldeia muito antiga, cujas origens remontam à Idade do Bronze ou talvez a período anterior.
Os seus primeiros habitantes terão sobrevivido da pastorícia, da pesca e da extração de areias do Rio Alviela para abastecer uma fundição de bronze localizada no Cabeço das Figueirinhas (Quinta da Galambra), onde o investigador Vítor Gonçalves fez, uma prospeção arqueológica de resultados ainda desconhecidos.
A sua Igreja Matriz terá sido edificada no século XII (1151), o que prova ser terra antiga. Do seu passado, infelizmente, pouco se sabe, atribuindo-se frequentemente à fuga dos jesuítas, que terão levado consigo o espólio da povoação, o que justifica essa falta de documentação. Este saque terá sido completado em 1811, aquando da presença das tropas francesas na localidade.
Esta ausência de documentos históricos é suprida, em parte, pelas lendas que se contam na Louriceira sobre os factos do seu passado. Assim, conta-se que Luís Camões aqui terá nascido, na Quinta de Alviela, ou de que aqui houve uma feira anual que se realizava no dia 8 de dezembro, dia da padroeira da Louriceira, Nossa Senhora da Conceição, que, curiosamente, se realiza, atualmente, em Pernes... Ao concelho de Pernes pertenceu a Louriceira até à sua extinção, por decreto de 24 de outubro de 1855, passando, então, para o de Santarém até à criação, em 8 de maio de 1914, do concelho de Alcanena.
Lenda do Espinheiro
Numa sarça (=espinheiro) apareceu Nossa Senhora a uma pastorinha, matando-lhe toda a sua sede. É assim que reza a história do nome da aldeia do Espinheiro.
Diz-nos a lenda que na freguesia de Abrã que se situa na estrada que liga a cidade de Santarém a Porto de Mós e a outras vilas dos coutos de Alcobaça, existe um lugar chamado de Espinheiro que se localiza junto a umas montanhas de charnecas, de entre as quais salienta-se uma por ser mais fragosa, seca e estéril. Nessa zona uma pastorinha guardava um rebanho de seu pai, que não era muito grande, pois por ali as terras são pobres.
Pensa-se que talvez derivado do calor que se fazia sentir e da míngua de frescura, a jovem pastora padecia de grande sede e não encontrava forma de descobrir água para beber. Assim, recorreu à Maria Santíssima, para que ela lhe desse água para saciar a sede que a atormentava. A invocada não faltou a quem lhe implorava o seu favor, pois logo ali, por sob a terra e entre muitas oliveiras, junto a um formoso espinheiro, rebentou uma majestosa fonte com água de excelente qualidade, com a qual a jovem remediou a sua necessidade. Após ter-se refrescado e com toda a sua humildade deu graças à Senhora pelo milagre que lhe concedera.
No preciso local da nascente, foi construída uma capela com a figura da Santíssima Virgem Maria, sendo esta toda revestida a azulejo.
Entendeu o povo que o nome do lugar terá surgido a partir desta lenda, tomando o nome de Espinheiro, por a ele ter estado encostada a Nossa Senhora.
TEIXEIRA DA SILVA